Por um Minho a andar nos carris

Exmo. Senhor Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa,
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva,
Exmo. Senhor Primeiro-Ministro do Governo de Portugal, António Costa,

Como temos experienciado com as secas e ondas de calor extremas, as alterações climáticas são um problema cada vez mais difícil de ignorar. Se queremos diminuir as suas piores consequências, é necessário que se reduzam rapidamente as emissões globais de gases de efeito de estufa. Sendo o setor dos transportes um dos que mais contribui para estas emissões, é urgente que comecemos a dar prioridade a formas de mobilidade mais sustentáveis, como é o caso dos transportes públicos. Em particular, os meios ferroviários são uma das formas mais sustentáveis de transportes de pessoas e de mercadorias devido à sua alta eficiência energética, baixa emissão de CO2 e baixa poluição do ar. Para além disso, os transportes ferroviários são mais rápidos, seguros, fiáveis (não suscetíveis ao trânsito), e confortáveis do que as suas alternativas. Assim, uma forte expansão das ferrovias tem um enorme potencial de reduzir as emissões globais de gases de efeito de estufa, e muitos países têm apostado nesta solução.
No entanto, apesar da importância das ferrovias, Portugal é um dos países com menor densidade ferroviária da Europa, e o Norte é a região com menor densidade ferroviária de Portugal. Em particular, na zona do Minho, a falta de ligações ferroviárias é preocupante e afeta muitos cidadãos que não têm acesso a transportes públicos fiáveis e de qualidade para se deslocarem. Por exemplo, de automóvel, uma viagem Braga-Guimarães pode ser feita em menos de 40 minutos. No entanto, de comboio, por não existir ligação direta entre estas duas estações, uma viagem tem duração de aproximadamente duas horas, podendo mesmo ultrapassar as três. E este é apenas um dos inúmeros exemplos que se observam no Minho. Como é esperado que os cidadãos alterem a sua forma de mobilidade se as alternativas deixam tanto a desejar?
Neste sentido, vimos apelar a que exista um sistema público e gratuito de ligações ferroviárias entre todas as principais cidades do Minho, e que este sistema seja complementado com boas ligações (ferroviárias ou rodoviárias) para povoações mais pequenas. Um bom ponto de partida poderá ser garantir ligações diretas entre todas as cidades do Quadrilátero Urbano (Braga, Guimarães, Barcelos e Vila Nova de Famalicão) e destas com as principais cidades do Alto Minho. Apelamos também a que este sistema de ligações ferroviárias se encontre funcional até 2030.
A aposta na expansão e gratuitidade das redes ferroviárias é fundamental para diminuir a desigualdade social, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e facilitar a redução do uso automóvel, algo que é essencial para Portugal conseguir alcançar a neutralidade carbónica a que se comprometeu. Tendo em conta a urgência das alterações climáticas, este assunto não pode continuar a ser deixado de parte. É fundamental agir rapidamente. Só assim poderemos garantir uma vida saudável e próspera para a nossa e para as próximas gerações.


Atentamente,

Greve Climática Estudantil de Braga
Greve Climática Estudantil de Guimarães

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