Por uma Sociedade Fraterna, Pluralista e Sem Preconceitos
Para: pessoas, instituições, organizações não governamentais, cidadãos portugueses, cidadãos brasileiros, democratas
POR UMA SOCIEDADE FRATERNA, PLURALISTA E SEM PRECONCEITOS
No passado dia 7 de Outubro de 2018, cidadãos brasileiros em todo o mundo foram chamados a dar o seu contributo para o futuro do Brasil, através do voto livre e democrático.
A Eleição Geral Federal de 2018 para a escolha do Presidente da República tem sido marcada por um clima de tensão e clivagem na sociedade brasileira, fruto da existência de candidatos com posicionamentos completamente antagónicos.
A vontade expressa pelos cidadãos brasileiros nas urnas de voto determinou que o próximo Presidente da República seja escolhido numa segunda volta, marcada para o dia 28 de Outubro de 2018, a disputar entre Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal, e Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores.
À semelhança do que tem acontecido noutros pontos do globo, este processo eleitoral tem sido caracterizado pela ausência de um debate abrangente e esclarecedor em detrimento da multiplicação de notícias falsas e campanhas de contrainformação nas redes sociais e nas plataformas digitais.
Esta nova realidade, tem facilitado o aparecimento e o crescimento de movimentos e grupos políticos assentes no radicalismo, ódio e populismo.
O «Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias»1 não é compatível com as posições violentas, racistas, misóginas, homofóbicas e antidemocráticas expressas por Jair Bolsonaro.
A candidatura de Jair Bolsonaro representa, por isso, uma rutura perigosa com os valores democráticos e pluralistas previstos e assegurados pela Constituição da República Federativa do Brasil.
1 Preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Por muito que os erros do passado e a vontade de os erradicar possam influenciar a escolha dos eleitores, Jair Bolsonaro e o seu projeto político representam um risco ainda maior para o presente e para o futuro do Brasil e dos Brasileiros.
O desejo que os cidadãos brasileiros manifestam em abrir uma nova etapa no seu sistema político é legítimo e virtuoso, mas não deve ser materializado por alguém que exerceu o mandato de deputado federal durante os últimos 28 anos sem resultados positivos para o país e que traz o que de pior a humanidade pode manifestar para a vida quotidiana dos brasileiros.
A simples proliferação da sua mensagem tem sido motivo suficiente para, em nome de Bolsonaro e dos seus ideais, cometer os crimes mais repugnantes a que a democracia brasileira tem assistido e para colocar o Brasil nas bocas do mundo pelas piores razões possíveis.
Infelizmente, as ondas de violência, ódio e intolerância que já se fazem sentir no Brasil como consequência da simples exposição mediática de Bolsonaro são uma mera e reduzida amostra daquilo que será a realidade na sociedade brasileira com a oficialização desse discurso e dessas atitudes como prática oficial dos órgãos de soberania.
A eventual eleição de Jair Bolsonaro como próximo Presidente da República Federativa do Brasil representa um retrocesso total nas conquistas alcançadas pela liberdade e uma deterioração irreparável da imagem do Brasil e dos Brasileiros no mundo.
As repercussões do atual cenário político que se vive no Brasil não se fazem sentir apenas dentro de fronteiras. A violência, o racismo, a misoginia, a homofobia e o autoritarismo são transmissíveis e também os brasileiros espalhados pelo mundo sofrem as consequências do momento conturbado que se vive no Brasil.
Para aqueles que nos acolhem nos seus países de braços abertos, torna-se árdua a tarefa de compreender o motivo pelo qual os cidadãos brasileiros são capazes de escolher para o seu próprio país o exato oposto daquilo que os levou a procurar países tolerantes, seguros e plurais, como Portugal.
A falta de debate político verdadeiramente esclarecedor não pode nem deve ser desculpa para aqueles que, pelo testemunho próprio das virtudes da liberdade, da tolerância e do pluralismo, têm a obrigação de defender um Brasil melhor e o melhor dos Brasileiros.
O próximo dia 28 de Outubro de 2018 será, possivelmente, o dia mais importante de toda a primeira metade do século XXI para o Brasil. Os cidadãos brasileiros têm uma segunda oportunidade para escolher o rumo do seu país e das suas vidas.
Pese embora a possibilidade de fechar a porta a um ciclo de funcionamento irregular das instituições democráticas possa parecer apelativa, abrir a porta da violência, da intolerância e do autoritarismo não pode ser nunca a solução.
Os direitos e os deveres que tanto nos custaram a conquistar não podem ser desbaratados. A liberdade pela qual tanto lutámos não pode ficar em segundo plano. E ainda há tempo e oportunidade para evitar cometer um erro que colocará a sociedade brasileira no caminho certo do colapso.
Não podemos ignorar os sinais que já nos atormentam. Não podemos ignorar os avisos que a História nos dá. Temos a obrigação de não desiludir os nossos antepassados e a responsabilidade de não falhar às gerações futuras.
O futuro do Brasil será tanto melhor quanto melhor for o futuro de todos os brasileiros, independentemente da sua condição social, religião, raça, orientação sexual ou política.
Todos somos brasileiros, mas só a democracia, a liberdade, a tolerância e o pluralismo nos dão a garantia de que o Brasil é de todos.
Por um Brasil com futuro, diga não à violência, ao ódio e à intolerância. Por uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, no dia 28 de Outubro diga não a Jair Bolsonaro!
Porto, 15 de Outubro de 2018
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