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PELO REGRESSO À UTILIZAÇÃO DOS MANUAIS EM PAPEL E UTILIZAÇÃO DOS TABLETS E COMPUTADORES COMO RECURSO DE APOIO

Para: Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

Os subscritores desta petição, pelos motivos que posteriormente se desenvolvem, defendem:

1. O regresso aos manuais em papel;

2. O uso dos tablets e computadores como ferramenta de apoio no processo de aprendizagem dos conteúdos programáticos e a realização de exercícios de base multimédia e/ou digital;

3. A elaboração de um plano de ação para o uso otimizado destes equipamentos nas salas de aulas que envolva os alunos, pais, professores, psicólogos e demais especialistas nestas questões.


No ano letivo 2022/2023, no âmbito da estratégia de transição digital, o Governo Regional dos Açores iniciou o processo de desmaterialização dos manuais escolares, com a disponibilização de manuais digitais para todas as turmas de 5.º e 8.º ano do Ensino Básico, das escolas públicas dos Açores, substituindo os manuais escolares em livro ou em suporte físico. Esta substituição será paulatinamente alargada até atingir todos os alunos do 5.º ao 12.º ano. Os Açores foram a primeira região do país a implementar a utilização de manuais digitais, de forma mandatória em todas as suas escolas.

O ponto de partida desta petição foi um inquérito informal em que participaram alunos, pais e professores de uma turma do 6º ano da Escola Básica e Secundária Roberto Ivens, depois de um ano letivo completo e mais um período letivo de experiência com os manuais digitais, e tentar compreender qual o sentimento geral relativamente a esta temática. Desta auscultação resultaram como desvantagens:

1. A maioria dos alunos revelou que preferiam não continuar a utilizar o tablet na sala de aula, alegando as seguintes desvantagens:
a. É uma fonte de distração (alguns alunos reportaram que jogaram durante as aulas);
b. Surgimento de dores de cabeça e alguns problemas de visão;
c. O equipamento é muitas vezes lento, e nem sempre carrega bem, apresenta problemas técnicos ocasionalmente, sendo necessária a intervenção do técnico de informática, perdendo-se tempo na aprendizagem das disciplinas;

2. Tablet ficar sem bateria durante o período letivo;

3. Dificuldade em escrever as respostas às fichas de trabalho online, uma vez que têm de consultar o manual em simultâneo;

4. Manifesto receio de que os alunos desenvolvam uma maior dependência dos meios informáticos, numa altura em que começa a ser descrita como uma possivel nova dependência do século, o que exige aos EE/pais uma supervisão mais apertada no uso das tecnologias.

5. Possibilidade dos alunos acederem a conteúdos impróprios (que foi reportado que terá acontecido);

6. Mais um foco de indisciplina, devido à dificuldade em captar a atenção dos alunos;

7. Possíveis problemas de concentração resultantes da hiperestimulação associadas ao uso destes dispositivos;

8. Crianças com necessidades educativas especiais não saberem manusear este tipo de material;

9. Há famílias que desconhecem como se manipulam estes equipamentos, o que deixa as crianças sem possibilidade de terem apoio em casa;

10. A questão económica associada a eventuais avarias que terão de ser suportadas pelas famílias.

Por outro lado auferiram-se igualmente alguns pontos positivos, tais como:

1. Mais leve que os livros – tornando assim as mochilas menos pesadas;

2. Existência de mais recursos didáticos - possibilidade de aceder a vídeos explicativos ou conteúdos multimédia mais apelativos;

3. Os alunos podem tirar fotografias aos trabalhos e enviar para os tablets diretamente;

4. Acesso aos manuais das várias disciplinas e aos cadernos de atividades a qualquer momento;

5. Acesso a informação para trabalhos de pesquisa;

6. Possibilidade de aumentar as imagens e ter acesso a conteúdos multimédia mais apelativos para o ensino de algumas matérias.

Verificou-se um consenso sobre a preocupação de utilizar os manuais digitais, como único acesso ao material pedagógico e didático. Dada esta preocupação, a maior parte das crianças desta turma tem os livros em papel em casa, sendo que alguns deles levam-nos para as aulas, e outros apenas usam em casa.
Entre os encarregados de educação há uma forte oposição ao uso dos tablets como principal recurso didático de acesso aos conteúdos, mas concordam com a possibilidade de serem usados como um apoio à aprendizagem em papel.

Sobre a maneira como se procedeu à entrega dos tablets, há também algumas questões a referir, para reflexão e para evitar cair nos mesmos erros no futuro: não houve nenhuma sessão de informação aos pais sobre a implementação do uso do equipamento e as consequências que os alunos teriam se não aderissem a este recurso. Também, na assinatura do contrato, não havia informação sobre os preços do equipamento e das avarias, sujeitando-se, os pais, a assinar um documento em que eram responsáveis por um valor que desconheciam, e, se isto é um problema para qualquer agregado familiar, para os mais desfavorecidos pode ser uma verdadeira preocupação.

A digitalização dos manuais já foi feita noutros países, nomeadamente a Suécia, que implementou esta medida em 2013, e anunciou em 2023 que iria recuar, após alguns anos sucessivos de resultados menos bons nos testes PISA, sendo que no início do século, junto com os seus vizinhos nórdicos, eram considerados o referencial europeu nestes mesmos testes.

Sendo este um momento de transição na utilização da tecnologia no nosso dia a dia, com a progressiva introdução de tecnologia digital em quase todos os domínios das vidas dos cidadãos, e no que importa ao tema da presente petição - na educação dos jovens - não defendemos que se elimine uma opção em detrimento de outra, mas sim garantir a convivência de ambas, permitindo uma transição segura para todos os intervenientes (alunos, docentes e famílias) e acautelando que as novas ferramentas tecnológicas são verdadeiramente mais eficientes que os métodos atuais.



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Esta petição foi criada em 24 abril 2024
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