COVID-19: dêem dinheiro às pessoas e às empresas.

Data: 16 Março 2020
Situação: nunca antes vivida

Com o aproximar do fecho que todos os negócios também no nosso país (à excepção das farmácias e supermercados), uma vez que China, Itália e Espanha já se viram obrigados a fazê-lo, há uma preocupação acima de todas: a sobrevivência.

São muitas as perguntas e quase nenhumas com resposta:
- Quantas pessoas próximas de nós vão morrer?
- Quando é que isto tem fim?
- Será que tem fim ou veio para ficar como uma nova doença com maior predominância no Inverno?

Trabalho com pessoas da China, Itália e Espanha. Isso tem-me dado uma visão privilegiada do impacto em jeito de “onda” que está neste momento a assolar a Europa e que começou na Ásia com mensagens telegráficas no WhatsApp: “Parámos de trabalhar. Não sabemos quando vamos voltar”. Neste vídeo de dia 10 de Março continuamos a ver a cidade de Wuhan completamente deserta, apesar das notícias de aparente regresso ao normal na China: https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=1E8eez72Ek0&feature=emb_logo 

É hoje claro nas declarações de autoridades de saúde e de políticos que temos à nossa frente meses de reclusão (para já apenas voluntária). 

O que não vejo a ser discutido é quais as opções em cima da mesa para fazer face ao furacão  que vai fazer a crise do sub-prime (aquela que era “a maior desde 1929” e “não haverá outra desta gravidade durante o resto da nossa vida”) parecer uma brisa de Verão.

Nos últimos dias ouvi na 1ª pessoa (ao telefone) as seguintes histórias:
- “Fechámos para já 1 mês. Mandámos toda a gente para casa e fomos ao banco pedir 50.000 EUR”
- “Fechámos todas as unidades. Perda imediata de 15 milhões de receita por mês”
- “Tenho custos fixos mensais com pessoal elevados, sem negócio aguento 2 meses”
- “Vou trabalhar na tarde de Domingo, infelizmente vou ter de terminar o contrato de 40 pessoas em outsourcing”

Recordo que as escolas só fecharam hoje (16 Março) e que apenas há 4 dias começou o verdadeiro ambiente de reclusão voluntária em Portugal, impactando de forma até agora inimaginável milhares e milhares de negócios e consequentemente os seus empregados.

Estamos perante um mundo novo, em que ninguém consegue prever o que aí vem. Mas sendo certo que há muitas interrogações, há várias certezas: 
- Largos milhares de pessoas vão perder o seu emprego
- Milhares de empresas vão fechar

Num país em que muitas pessoas vivem de salário em salário, em que os empresários se esforçam por manter postos de trabalho e cumprir, tal como os trabalhadores, com as suas obrigações fiscais, a perspectiva de 4, 8, 12, 16 semanas de paralisação da economia vão trazer consequências difíceis de estimar, mas certamente muito para além do que qualquer pessoa podia imaginar há apenas 3 meses.

Dito isto, chegou a altura de perguntar aos nossos políticos e aos responsáveis pelas Finanças e pela Economia como pretendem salvar milhares de empregos e de empresas? 

Perante um contexto totalmente novo será que faz sentido continuar a pensar nas mesmas soluções?

Ou será que são necessárias medidas nunca antes tomadas?

Como por exemplo:

- Empresas: imaginando que teremos 3 meses de fortíssima restrição à movimentação de pessoas, porque não dar dinheiro às empresas? Literalmente. Por exemplo: empresa X teve receita de 200.000 EUR entre Março e Maio de 2019. No mesmo período de 2020 teve apenas 50.000 EUR. Dar 150.000 EUR à empresa condicionados à manutenção de empregos e das obrigações fiscais (salvaguarda dupla também para as finanças públicas ao serem evitados subsídios de desemprego e perda de impostos – de empregados e de empregadores).

- Pessoas: para os profissionais que não fossem salvaguardados pela medida acima, atribuir, com critérios a definir, uma espécie de rendimento mínimo universal (p.e. 1.000 EUR/mês) que lhes permita sobreviver até a situação normalizar (logo se verá o que é o novo “normal”)

Não sou a pessoa certa para opinar sobre a racionalidade destas medidas e potenciais  desvantagens que as mesmas terão a nível macro económico. Outras pessoas como um conselheiro da Administração Obama já o estão a fazer:
https://www.fastcompany.com/90476545/to-stop-a-coronavirus-quarantine-recession-economists-say-send-everyone-cash-now?utm_campaign=eem524%3A524%3As00%3A20200313_fc&utm_medium=Compass&utm_source=newsletter

Mas de uma coisa tenho a certeza: chegou a altura de exigir respostas e medidas por parte de quem lidera o nosso país.

Há um factor que ajuda: todo o mundo tem o mesmo desafio. Todas as nações terão de tomar medidas impensáveis.

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