Pela defesa da Universidade e dos cursos de Humanas
Para: Ministério da Educação
Os recentes ataques do governo Bolsonaro ao ensino de humanidades e à universidade pública de modo geral merecem o veemente repúdio de todos os que entendemos o papel da educação para a formação da cidadania. Por isso, juntamo-nos aos protestos que as declarações e ações do presidente do Brasil e seu ministro da Educação vêm provocando no país e no exterior. Compreendemos esses ataques como parte da guerra ideológica que este governo promove com impressionante intensidade e que são a ponta de lança para a demolição de direitos conquistados a duríssimas penas ao longo das últimas décadas e para a recondução do Brasil a um papel de subalternidade no cenário mundial.
Desprezar o ensino de filosofia e sociologia em prol de áreas supostamente mais “úteis” é condenar o povo à ignorância. Impor o corte radical de 30% no orçamento de todas as universidades federais é condená-las à extinção. Cultivar o ódio ao professor e estimular os estudantes a denunciá-los é investir na degradação do caráter da juventude.
Darcy Ribeiro já dizia que a crise da educação brasileira não era uma crise, mas um projeto. Esse projeto nunca esteve tão claro quanto agora. De fato, não começou neste governo, mas no anterior, que assumiu após a derrubada da presidenta Dilma Rousseff e aprovou a emenda constitucional que impõe por 20 anos um limite aos investimentos públicos. O que o governo atual faz é buscar uma justificativa ideológica para essa asfixia.
Nosso compromisso com a educação exige esta manifestação. Não podemos assistir inertes ao avanço do obscurantismo e a essa tentativa de destruir o futuro de um país.
Edson Capoano, CECS/UMinho
Kamila Fernandes, UFC, doutoranda CECS/Uminho
Sylvia Moretzsohn, UFF, pós-doutoranda CECS/UMinho
Tadeu Feitosa, UFC, pós-doutorando CECS/UMinho