Petição contra a situação absurda que se vive no futebol de 11, escalão Infantis (Junior D) e Iniciados (Junior C)
Para: Associação de Futebol de Lisboa
Carta ao Presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa.
Exmos. Srs. Vimos por este meio manifestar o nosso profundo desagrado, e total discordância, com o que nos é imposto nos jogos de Infantis 11 e Iniciados
A função de "fiscal de linha" terá de ser assegurada por um jogador de cada umas das equipas intervenientes nesse jogo, sendo que ele não poderá ser substituído dessa função durante o decorrer do mesmo. E é neste contra-senso que, em nossa opinião, foi criada uma das mais estólidas situações do futebol de formação no nosso país. Do ponto de vista regulamentar, segundo o documento "Instruções para Árbitros" (disponível no site da AFL), no ponto 14.18 - JOGOS DE JUNIORES B (JUVENIS) JUNIORES C (INICIADOS) E JUNIORES D INFANTIS, alínea a), está bem claro que "As equipas de arbitragem serão constituídas apenas por 2 árbitros oficiais.(…)". Ou seja, do ponto de vista do cumprimento dos Regulamentos estabelecidos, começa aqui um gravíssimo atropelo ao estipulado legalmente! Todavia, não nos interessa (para já) entrar em detalhes legais. Esses, são da competência da AFL, e dos Tribunais cíveis, caso venha a existir a necessidade de a eles recorrer. Mais grave é a questão pedagógica e de bem estar das crianças, neste caso, nossos atletas. Não conseguimos vislumbrar qual é a pedagogia por detrás desta visionária medida. Em termos da formação, o que é que isto vem contribuir ao crescimento do atleta? Com que fundamento se pede a crianças de 12/14 anos, que não têm qualquer formação específica no campo da arbitragem, sejam elas juízes de linha, em jogos oficiais?
Criança essa que vai para um clube aprender o desporto que gosta, e depois no campo, é obrigado a ser fiscal de linha? Têm noção da pressão que se está a criar em crianças, também graças a comentários e pressões externas vindas do público? E por outro lado, que atropelo é este à gestão interna dos clubes, obrigando-os a deixar um atleta de fora da atividade de fim-de-semana, pela qual o atleta tanto ansiou e treinou durante a semana? E como podem os Clubes responder aos Pais, que se mostram indignados perante tal atrocidade?…
A AFL criou um problema monstruoso, que deixou aos Clubes para resolver! Por outro lado, intriga-nos como pode esta medida contribuir ao salutar decorrer do jogo? Como pode um árbitro (se antes já lhe era difícil) ter a certeza dos seus julgamentos, quando auxiliado por 2 cidadãos de 12/14 anos!?… Onde é que isto pode contribuir para a verdade desportiva? Há aqui algum objetivo escondido, além do de suprir a falta de árbitros?… Seria o mesmo que num Tribunal, começassem a pedir aos réus que determinassem eles próprios a sua pena, só para que os Tribunais fossem mais rápidos!!
Não queremos crer que, até por motivos menos claros (no sentido de silenciar os espetadores, entre outro), seja esta uma medida para tentar isentar de erro algumas decisões menos corretas do Sr. Árbitro, visto que este apoia as suas decisões em crianças (quiçá, filhos de alguns desses mesmos espetadores).
Leva-nos a perguntar: acha a AFL que os comentários das bancadas diminuíram de tom, quando ocorreram decisões duvidosas aos olhos do público? Antes pelo contrário, e até no sentido inverso! O árbitro (agora "sozinho" no campo), é ainda mais "responsabilizado" pelo público. E permite-nos até dizer que, em caso de jogos equilibrados, a "confusão" externa será tanto maior e crescente, quanto mais o Árbitro adulto se sentir isolado nas decisões!!
Concluímos, dizendo ainda que:
- em primeiro, esta missiva resume-se à defesa dos interesses dos nossos atletas, que estão connosco para aprenderem a jogar futebol (segundo o objetivo do jogo e respeitando sempre as suas leis, bem como qualquer juiz de jogo) e a serem respeitadores de regras de sociedade. Não estão connosco para aprenderem a ser juízes de linha. Isso, não nos compete;
- em segundo, queremos a defesa da boa e salutar prática desportiva, independentemente da modalidade, e que com esta medida, isto não nos parece estar assegurado. Não evolui o jogo, não evolui o árbitro, criou-se mais um enorme motivo de discussão e, pior, prejudicam-se numa enorme quantidade de jogos semanalmente, imensos miúdos de 12/14 anos!;
- e em terceiro, é por parte da nossa Associação a primeira manifestação de total repúdio perante tal medida, porque como associados pagantes, temos o direito de manifestar desde já a nossa posição de desagrado.
