Nova Maternidade de Coimbra no Hospital dos Covões
Para: Governo de Portugal
Convictos de que a construção de um grande equipamento de saúde, como é uma maternidade - onde nascerão durante várias décadas milhares de crianças - representa um esforço financeiro, urbano e humano de enorme importância para Coimbra e a sua Região, entendemos que a construção dessa maternidade deve ser planeada e pensada como uma oportunidade única de melhoria da saúde e da vida.
A inadiável construção da nova maternidade de Coimbra deverá, no entanto, evitar a lamentável tendência para a concentração de equipamentos em megaestruturas - já em si congestionadas e superlotadas - e, simultaneamente, combater o progressivo abandono dos recursos existentes, como o Hospital Geral dos Covões, que deve continuar a ser o grande hospital da margem esquerda do Mondego.
Assim, e considerando que:
1. São bem conhecidos e contestados o excesso de concentração de serviços e pessoas nos Hospitais da Universidade de Coimbra (H.U.C.), muito além do inicialmente planeado, pondo em causa a qualidade e eficiência dos serviços, nomeadamente na taxa de infeção hospitalar, veiculada pelos doentes, pessoal de saúde, visitantes, todos em número já agora muito superior ao admissível numa instituição hospitalar, com segurança, para o espaço disponível.;
2. Os acessos a esta área não respondem minimamente, nem têm capacidade para vir a responder, pondo em causa a acessibilidade dos utentes pelo esforço diário necessário no campo da mobilidade, se se atender à saturação acrescida decorrente da localização de outras unidades de saúde e ensino na zona, tornando-a num caos urbanístico e ambiental, atropelando a vida de todos os que ali vivem, trabalham ou que recorrem aos serviços de saúde;
3. Existem no espaço do Hospital dos Covões competências e serviços, instalações, possibilidades de construção e enquadramento ambiental que podem servir e apoiar com excelência, uma estrutura como a Maternidade, como aliás o tem feito nos últimos 40 anos;
4. O Hospital dos Covões tem sido esvaziado de serviços e competências, numa lógica de concentração nos H.U.C., sem que daí se obtenham melhores cuidados de saúde para a população, sendo por demais evidente que os CHUC não se basta a si próprio, no atendimento a todos os doentes que o procuram, quer na rotina quer na urgência;
5. O Hospital dos Covões é reconhecido pela população como uma estrutura de saúde de elevada qualidade assistencial, tendo dado um impulso muito grande à saúde na região, contribuído de maneira decisiva para que Coimbra fosse, numa dada altura, apelidada e reconhecida como Capital da Saúde;
6. Contrariamente ao polo dos H.U.C., o Hospital dos Covões está rodeado de uma enorme extensão arborizada, que enquadra na perfeição mais uma estrutura hospitalar, sem que daí advenha qualquer prejuízo ambiental, com boas acessibilidades e não acarretando custos, pois esses terrenos são património do Estado;
7. Destaca-se ainda a proximidade do Hospital dos Covões a vários equipamentos, como por exemplo o Instituto Português do Sangue, duas Escolas Superiores da área da saúde, Centro de Saúde e o centro de estudos do sono;
8. Num planeamento competente e respeitador do interesse público, justifica-se plenamente que Coimbra possua duas grandes unidades hospitalares públicas de resposta regional, rentabilizando e otimizando cada uma delas, consubstanciado num plano de desenvolvimento estratégico, onde o papel e intervenção de ambas esteja perfeitamente identificado, contribuindo não só para uma resposta de qualidade às necessidades dos cidadãos mas também para a reafirmação da cidade como centro de excelência na estrutura nacional do Sistema de Saúde.
Pelas razões acima mencionadas, justifica-se que a nova Maternidade de Coimbra seja edificada nos terrenos adjacentes ao Hospital dos Covões, incluindo a manutenção neste hospital de todas as especialidades indispensáveis para garantir a qualidade de assistência às grávidas, mães e recém-nascidos.
PELA MATERNIDADE NOS COVÕES
Esta é a posição do Executivo da Junta e da Assembleia de Freguesia de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, defendida em reunião da Assembleia de Freguesia do passado dia 30 de Abril de 2018, assim como de docentes das Escolas Superiores da área da saúde e de várias figuras ligadas à área da saúde.