Instalação de Estações de Dessalinização da Água do Mar em Portugal Continental
Para: Exmº Senhor Presidente da República | Exmº Senhor Presidente da Assembleia da República | Exmº Senhor Primeiro-Ministro | Exmºs Srs. Deputados do PS | PCP- Verdes | BE | PSD | CDS | PAN
Excelentíssimos e Digníssimos Senhores
É do conhecimento geral que a seca que assolou o território continental português até à tempestade ANA, foi a mais longa e severa desde que há registos sobre a pluviosidade em Portugal.
Prevê-se que as alterações climáticas que estão a atingir o nosso país e a Península Ibérica deverão agravar-se com períodos de seca mais prolongados e extremos, enquanto persistir o problema do grave desequilíbrio entre a acumulação de gases com efeito de estufa na atmosfera e a sua absorção pelos ecossistemas terrestres.
Já foi noticiado na comunicação social que o clima de Portugal Continental se irá assemelhar ao de Marrocos dentro de algumas décadas.
Assim, pedimos que, perante a escassez dos recursos hidrológicos que se avizinha a médio e a longo prazo, seja considerada a viabilidade de instalação, em Portugal, de estações de dessalinização de água do mar para se fazer face às múltiplas e crescentes necessidades hídricas, a exemplo do que sucede no Médio Oriente, Austrália, Ilhas Caraíbas e em muitas outras regiões da Terra com difícil acesso a água doce.
Com a escassez de água doce, a construção de mais barragens implica estudos de impacto ambiental e expropriações morosos que condicionarão o tempo necessário à sua implantação. Pelo contrário, as instalações de dessalinização têm um baixo impacto ambiental e temos uma longa costa onde elas poderão ser instaladas, evitando-se problemas políticos com os nossos vizinhos espanhóis.
A dessalinização da água do mar contempla a necessidade de satisfazer a carência existente e previsível de água de elevada qualidade, a preços razoáveis de uma fonte inesgotável – o mar.
A água dessalinizada é de elevada qualidade e pode ser adicionada à água da rede hidrológica nacional. Em consequência disso a qualidade da água para usos domésticos sobe significativamente, facto que origina efluentes que servem para irrigações agrícolas e melhora a qualidade das águas subterrâneas. A água dessalinizada contribui para a diminuição dos depósitos calcários nas canalizações.
Graças aos avanços tecnológicos e à competição no mercado, o custo da água dessalinizada tende a diminuir e a sua produção a melhorar e a tornar-se mais eficaz. A água dessalinizada é, de facto, mais cara do que a agua doce de rios e lagos, mas o custo adicional é mínimo quando comparado com o prejuízo económico decorrente da secagem dos solos agrícolas e dos parques ou a destruição das fontes de água naturais.
Por exemplo, em Israel, o acréscimo do custo de 1 m3 de água dessalinizada varia entre 0,48 a 0,72 € por m3 ao passo que os prejuízos causados pela carência de água são avaliados em cerca de 1,92 € por cada metro cúbico (cerca de 8 vezes mais) que deixa de ser fornecido à agricultura. Os prejuízos são muito mais elevados quando de trata de usos urbanos.
Por exemplo, em Israel, 15% de toda a água de consumo doméstico resulta da dessalinização e a cidade de Eilat é totalmente abastecida com água dessalinizada.
Consciente de que a escassa disponibilidade de água doce se poderá converter num problema com o qual estaremos confrontados a médio e a longo prazo, solicito a melhor atenção de Todos Vossas Excelências para o assunto exposto e a tomada das medidas preconizadas.
Francisco de Assis Basto da Costa Reis – Cartão de cidadão nº 00562809
