SUSPENSÃO IMEDIATA DAS OBRAS NA PONTA DA PIEDADE (LAGOS)

A Ponta da Piedade representa o mais emblemático ex-líbris de Lagos e um dos mais notáveis do Algarve, face aos seus reconhecidos atributos paisagísticos, geológicos, geomorfológicos, paleontológicos, naturais e históricos.
É com grande apreensão e desagrado que parte da população, todos os partidos políticos da oposição em Lagos e também reputados investigadores da comunidade científica, acompanham as obras relativas à execução da empreitada da 1ª Fase da "Requalificação da Ponta da Piedade". Esta obra é da responsabilidade da Câmara Municipal de Lagos e decorre num troço compreendido entre a Praia do Canavial e o Farol, numa extensão de quase dois km.
Trata-se de um projeto que remonta a 2009 e nesta primeira fase prevê, entre outros trabalhos, a criação de uma rede de caminhos em betão, metodologia completamente errada para o lugar e para o objectivo a que se propõe. Nem o traçado é o mais adequado, nem betonar caminhos é aceitável, em arribas frágeis, numa área classificada desde 2011, como Geossítio de interesse nacional, por isso mesmo incluída no Inventário Nacional do Património Geológico. Essa tipologia de caminhos betonados não conseguirá ordenar, nem balizar as muitas dezenas de milhar de vistantes anuais. A erosão continuará galopante, problema maior desta área tão frágil, quanto bela.
Aos alertas e protestos juntaram-se também renomados investigadores portugueses, nas áreas da geologia, geomorfologia, geoconservação e botânica como o Prof. Galopim de Carvalho, Prof. José Brilha, Prof. Mário Cachão, Prof. Nuno Pimentel, Profª Manuela David.

Pretendemos que as obras parem de imediato e que se proceda a uma reavaliação do projeto, por forma a corrigir erros e a colmatar omissões.

A Ponta da Piedade merece ser considerada Património de Interesse Municipal e acima de tudo, merece um projeto exemplar e não uma intervenção menor.

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