Reposição do uso de calculadoras gráficas no exame de Física e Química A em 2016/2017
Para: Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República
Os professores de Física e Química A e os alunos de 11º ano foram recentemente informados da proibição do uso de calculadoras gráficas durante o Exame Nacional de Física e Química A do ano letivo 2016/2017.
Esta decisão foi tomada apesar dos alunos já terem tido durante o 10º ano sido habituados a usar este instrumento na totalidade dos momentos de avaliação. Por outras palavras, as regras estão a mudar a meio de um percurso de dois anos. No mínimo, isto é pouco correto.
A calculadora gráfica é utilizada em inúmeras situações ao longo da disciplina de Física e Química A. Na componente experimental é usada na aquisição e tratamento de dados a nível estatístico, construção de gráficos, regressões lineares e obtenção de declives. Todas estas situações são tarefas habituais num laboratório e os alunos devem adquirir e ser corretamente avaliados relativamente a estas competências. Pode um exame nacional ser representativo duma disciplina eminentemente experimental quando impede o uso de um instrumento tecnológico fundamental?
A calculadora gráfica também é muito utilizada na construção de gráficos a partir de uma equação permitindo a análise de movimentos reais. Isto permite a visualização e compreensão dos alunos fazendo a ligação dos conteúdos da disciplina à realidade. Outro aspeto fundamental que deixará de ser corretamente comtemplado no exame nacional.
Não será esta decisão uma regressão em termos tecnológicos? A maioria dos países europeus permite a utilização destas calculadoras em exame. O nosso país resolveu andar para trás?
O ministério da Educação afirma que o uso da calculadora continuará a ocorrer durante as aulas de Física e Química A. Se não vai ser usada em exame, os alunos vão adquiri-la? Se não vai ser usada em exame, os alunos vão ter algum interesse em aprender como usá-la? Os professores de Física e Química dificilmente poderão permitir nos seus testes condições diferentes às de exame e por isso nunca as competências no uso da calculadora gráfica poderão ser aferidas.
Estamos a regredir, claramente, na forma como se ensina, como se aprende e como se avalia Física e Química. Esta é uma situação que afeta gravemente o futuro de milhares de estudantes portugueses.
Propõe-se que seja reintroduzido, no exame nacional de Física e Química A de 2017, o uso de calculadora gráfica e que esta situação seja analisada pelos representantes do povo português na Assembleia da República.
