Petição Pública
Contra o Encerramento do Colégio Salesiano de Poiares

Assinaram a petição 1 253 pessoas
SOCORRO
LÁGRIMAS QUE ME CORTAM

Que vontade de chorar, por mim, por nós, por milhares de crianças, por dezenas de aldeias, por um interior que mais não serve do que ser bandeira política para tanta gentalha deste triste país.

Acabo de ter a notícia que o Colégio Salesiano de Poiares vai encerrar definitivamente. Estou incrédulo, sem palavras, trucidado pela brutal realidade que sucessivamente, desde que nasci, vai dizimando este nosso Interior a que também chamam Portugal.

Como é possível? Como? Por que motivo? Com que argumentos? Com que lata?

Num timing em que meio mundo, repleto de vaidade e propriedade, aparece diariamente a dizer-se defensor do Interior, em que é preciso tomar medidas concretas para combater a desertificação, em que é preciso alavancar a motivação dos jovens para empreender nos Territórios rurais, perante a notícia de que uma instituição que forma e educa jovens, numa pequena aldeia rural, com cerca de quinhentos alunos, a funcionar desde 1924, com umas instalações absolutamente fabulosas, vai encerrar.... o que se ouve desta gentalha toda?

NADA. SILÊNCIO TOTAL.

Não têm vergonha! Absolutamente nenhuma. Não passam de figuras tristes que julgam ficar na história por aparecerem perante as luzes da ribalta! Mas apenas ficarão na história do esquecimento total, do desprezo absoluto.

Nasci na aldeia onde fica situado este colégio, rodeado de milhares de outras crianças que ali encontraram tudo o que a vida lhes poderia dar, com os pais a trabalhar de sol a sol nas vinhas do tal Douro Vinhateiro que hoje a todos envaidece, um colégio composto por gente humilde, dedicada e que nunca baixou os braços perante tantas adversidades, um colégio que nos ensinou a arte da boa educação, que nos comunicou os valores reais do desporto, que nos ensinou música e teatro, que nos abriu a mente para o mundo que aí vinha, um colégio que acolheu tantos e tantos jovens que viram os seus pais emigrar para longe porque no país não tinham subsistência, e quando regressavam viam os filhos criados e educados.

Por mais que seja defensor do ensino público (os meus filhos andam em infantários públicos assim como nasceram em hospitais públicos), não posso aceitar que esta instituição não seja excecionalmente considerada de total dedicação ao Serviço Público, porque o é, sem qualquer dúvida.

Comparar esta instituição a um qualquer colégio da Linha, daqueles em que os motoristas vão levar os filhos de limusine, é pura e simplesmente um ato atroz, cobarde e maldoso, um ato de um país que não se ama a si próprio.

Tenho o tempo completamente esgotado, quase nem respiro, tal a minha dedicação ao trabalho e às causas em que estou envolvido, mas não me consigo permitir ficar inerte perante esta decisão dantesca, perante este ataque ao Interior profundo, perante este ato desumano de olhar os Territórios rurais.

Não vou ficar quieto, não consigo, não posso! Vou desafiar tudo, vou convidar todos os que vivem por bem para esta luta, pois não estamos a falar de um qualquer lobby, de uma qualquer negociata que dá milhões a um qualquer ex-político ou que enriquece um qualquer empreiteiro, estamos a falar de vidas humanas, estamos a falar de Território, estamos a falar de passado, presente e futuro.

Querem um ato simbólico de que estamos, todos juntos, a lutar pelo Interior?

Então ajudem-nos a manter viva esta instituição e façam brilhar os olhos daquelas quinhentas crianças que ali estudam e das suas famílias, assim como brilharão os olhos de todos os que amam verdadeiramente Portugal.

Não matem o Interior, POR FAVOR!

Paulo Costa
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